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Mostrando postagens com o rótulo textos

Linda

Antes mesmo de tocá-la, já a amava. Suas curvas, nem sempre suaves, reluziam estonteantes sob o sol ardente. Desde o primeiro segundo vi que era linda, forte, intensa e poética. E logo soube que não seria um amor fácil. Me aproximei cuidadosa tentando conhecê-la. Sua aparente simplicidade me comoveu, deixando-me vulnerável para seus mistérios. E enquanto te acariciava docilmente fui tragada por sua intensidade, me consumindo com seu calor. Precisei retomar o fôlego, e enquanto descansava admirei fascinada suas muitas cores. Doce e picante, alegre e dramática, recatada e selvagem: Ó, Linda, você me seduziu. Minha partida não foi dolorosa, pois tenho certeza que nos veremos novamente. *Texto inspirado em minha rápida viagem a Olinda

Eu adoro me perder em letras: Projeto Escrever sem Medo

Eu adoro caminhar entre as linhas, mesmo não sabendo aonde vou chegar. Por vezes corro em disparada através dos verbos, até parar em um enorme lago de plácidas águas. Então começo a nadar, amando sentir o líquido fresco rodeando minha pele. Mergulho e percebo que há um outro mundo sob a calmaria, e tento guardar cada detalhe, antes que meu fôlego termine.  Ultrapasso a faixa d´água e volto a andar, bem devagar, como que a postegar ao máximo o destino da caminhada. Mas então lembro que novas viagens me esperam e volto ao ritmo inicial. Tudo que vi, ou melhor, li, estará para sempre em minha memória. Fecho o livro, pronta para uma nova jornada. *Post para o Projeto Escrever sem Medo (Saiba mais) . O tema de abril é "Eu adoro...", e resolvi falar um pouco do meu amor pela leitura.

Chocolate com pimenta

Dentro da discreta embalagem reside um aparente chocolate comum, idêntico a todos os outros que passaram por sua boca. Desembrulha o plástico sem maiores expectativas, sentindo na primeira mordida um doce agradável, confortável para paladares menos atentos.  Tal como chocolate, fui derretendo com seu calor, acalentando seus lábios com delicado sabor. Mas não sou apenas açúcar e cacau. Quando suas papilas já se acostumavam com meu gosto explodi em em ardor de pimenta travessa, rebelde e livre, acordando sua língua e causando saudade em sua boca.

Uma música, um texto: Reaprendendo a amar

Reencontrar seus olhos sorridentes me fez tão bem... Sentir novamente seus braços a me enlaçarem com força, apertando meu frágil corpo até torná-lo ainda menor, a ponto de caber por inteiro em seu abraço. Eu havia esquecido como sua pele era morna, como um sol de fim de tarde a acalentar a preguiça e amores preguiçosos. E poucos minutos foram necessários para dissipar qualquer mágoa.  Percebi que sim, ainda é amor. Mas não nosso amor desesperado, a nos afogar em paixão. É amor calmo como sua fala mansa e arrastada. De repente todas as palavras cruéis e cortantes se tornaram meras crianças travessas, a brincar de serem más. Nossos travesseiros já esqueceram nossas lágrimas, seu rosto já não tem mais aquele arranhão que te fiz, e que doeu mais em minha carne que na sua. Nossas vidas seguiram rumos opostos, e afastados aprendemos o mais sublime amor. 

O cinza e o Sol

O clima sufocante é uma lembrança contínua da força do Sol. Me sinto cansada, lenta, amaldiçoando esse calor. O tédio toma conta de mim, tanto que nem percebo as nuvens cinzentas surgindo. O Sol é poderoso, mas não invencível. Logo surgem gotas pesadas, lavando as ruas, o céu, as pessoas e maus sentimentos. O cinza e o Sol unidos com a chuva. Em qual deles devo focar? Ou melhor, por que não ser atenta a todos, amando cada detalhe desse céu tão rico de detalhes e diferenças?

Desvantagens do Facebook "Engraçadão"

Aviso aos extrovertidos que caíram de para-quedas neste texto: Provavelmente minhas palavras parecerão absurdas, e não tiro sua razão. Apenas os legítimos tímidos, meus irmãos de alma, poderão entender o terror que passei, ao adentrar numa festa do trabalho e ouvir de uma colega  a aparentemente inofensiva frase: - Ahhhh, eu amo seu perfil do facebook! Eu, que esperava passar as horas restantes inviolável de qualquer interação humana, dei um sorriso sem-graça. A colega em questão é da mesma empresa, mas nosso contato praticamente se resumia a comentários no Facebook. Imediatamente faço uma revisão dos meus posts e em segundos tenho plena certeza que qualquer pessoa que me acompanha nas redes sociais jamais me levará a sério. É, talvez eu devesse dar uma amenizada nas postagens diárias de centenas de memes. Mas é óbvio que a situação poderia piorar. Nós, tímidos, somos um imã natural para o constrangimento. Um outro colega, que deve ter trocado comigo meia dúzia de pal...

Os dias mais longos do ano

Desculpa Chronos, mas nunca irei concordar com sua divisão do tempo. Talvez eu seja ignorante demais para compreender o motivos de ser obrigada a suportar dias tão longos que cabem um universo de solidão. Em contrapartida, há dias tão curtos onde é impossível domar as horas ariscas que escapam entre meus dedos, me tornando incapaz de fazer todas as tarefas indispensáveis. Queria poder doar algumas horas dos intermináveis finais de semanas, dias pesados demais onde o descanso vira prisão.

Partida

Mais uma vez me flagro admirando a beleza rude de sua boca entreaberta, como uma dura lembrança dos beijos que nunca serão completamente meus. Sua pele coberta de listras douradas de um sol nascente, sortudo o bastante para aquecer mais seu corpo do que meus abraços. Faixas de ouro, cálidas, faixas de bronze, gélidas. Suas costas nuas, viris, um retrato fiel do quanto a força da beleza pode machucar. Você dorme o sono tranquilo, como só os despreocupados sem alma conseguem. Seu rosto quase infantil contrasta com um corpo que parece ter sido planejado para fazer sofrer.  Sua aparição na festa de ontem me fez estremecer. Mesmo depois de quase uma década, te ver vindo em minha direção causou a mesma sensação de quando te via passar pelos portões da Universidade. Eu nunca estive preparada para você, e mais uma vez me deixei ser engolida pelo seu charme, para ser abandonada logo depois. Sempre e sempre, um círculo perfeito de ilusão. Os lençóis pesam toneladas, mas não suficie...

Nublada

A primeira vez que a vi me encantei por seus olhos cinzentos. Não um cinza óbvio, mas sim escondido nas profundezas do círculos aparentemente castanhos. Ela sorria mostrando quase todos os dentes, mas no fundo das risadas havia uma tristeza secular, nuvens pesadas esperando a oportunidade de fazer chover. Eu queria fazê-la feliz, e realmente acreditava ser capaz. Numa noite abafada, propensa a confissões, ela me disse que sua solidão era pesada demais, e eu não a suportaria. Falei que comigo seria diferente, eu iria dissipar suas nuvens e trazer luz solar. Ela me deu um sorriso triste, e lá no fundo encontrei esperança em seu olhar. Suas tempestades eram intensas, repletas de ventanias de sentimentos reprimidos. No início eu achava até charmosa tanta intensidade, e via como um desafio a ser vencido. Mas ela estava certa. Não suportei sua solidão. Não queria ser mais uma cicatriz em sua pele já calejada. Mas a fiz sangrar, adicionando mais uma dor dentre tantas que ela já s...

Peso de papel

Poderia existir algo mais inconsistente do que ser um peso de papel? Não saber sua verdeira função no mundo, apenas existir, ali, imóvel e dependente da vontade alheia. Ser medianamente belo, quase transparente, mas não invisível, tendo cores apenas quando os raios de sol beijam sua frágil superfície de cristal. Saber que sua suposta função na verdade pode ser desempenhada por qualquer elemento mais pesado que as folhas de papel, as quais serão livres para voar assim que sejam libertas de sua opressão.  E o mais desesperador é ter a certeza de que caso se quebre, a vida no escritório seguirá seu caminho normalmente. As folhas continuaram presas, mas por um pesado porta-lápis, mais pesado e útil do que você.

Sair do ninho

Sair no ninho é não ter um abraço durante choro, e perceber que as lágrimas são mais cruéis quando em meio à solidão. É ter a oportunidade de recomeçar, construir um novo Eu, e depois de um tempo descobrir que nunca será possível enterrar completamente o passado, por mais longe que ele esteja. É comer miojo, ovo cozido, enlatados, e se sentir um Master Chef. É lavar pouca louça e nunca ter outra xícara sobre a mesa. É confiar desconfiando de todos. Não saber em quem acreditar. Ouvir comentários e tentar decifrar entrelinhas. É ser apunhalada todos os dias, e continuar a luta, mesmo sangrando. É saudade do mar, dos livros, do clima e até do trânsito.  E, apesar de tudo, ter a esperança que a caminhada não é em vão.

Caros monstros

Sei que nossa convivência sempre foi difícil, em boa parte por minha culpa. Tentei a todo custo escondê-los, deixando-os trancafiados em casa. Fazia de tudo para que as pessoas ao meu redor não tomassem conhecimento da existência de vocês. Meu segredo mais profundo. Hoje me dei conta do quanto os temo sem sequer conhecê-los. Saiam da escuridão que há debaixo de minha cama, coloquem suas melhores roupas, mas tirem suas assustadoras máscaras: Quero fitar seus olhos, ouvir suas vozes e abraçá-los bem forte, até quase amá-lo. Depois iremos passear juntos, pois o medo e vergonha não têm mais lugar em minha vida. Sejam bem vindos! Fonte: http://br.web.img3.acsta.net/videothumbnails/189/126/18912663_20130819221123775.jpg

Por trás da armadura

Por trás da fachada minuciosamente equilibrada pulsam sentimentos conflitantes e memórias cruéis. Meu discreto sorriso esconde uma alma que já esqueceu o significado da palavra "confiar". Sigo em frente desbravando mares e domando os monstros marinhos que surgem pelo caminho.  Guerreira sou, mas não se engane: Por trás de minha armadura feita de prata e lágrimas há um coração tão frágil quanto o seu.

Para o menino que brinca

Todos os dias passava pelos seus companheiros Mas não enxergava crianças, apenas perigo Medo e preconceito eram meus parceiros Passar por vocês para mim era um castigo Hoje seria só mais um dia, nada especial Acordar, tomar um banho, beber um café forte Enfrentar o diário engarrafamento infernal Mas você surgiu e mudou minha sorte Fazia frio e caía uma melancólica garoa Você e um cão vira-lata brincavam Como se a vida fosse suave e boa Para serem felizes vocês se bastavam Embaixo de uma marquise decadente Crianças e jovens com frio, encolhidas O horror então apoderou minha mente Ao pensar na inocência e esperança perdidas Menino que brinca, fique sabendo Você é flor em meio a tanto terror Suas pétalas levadas pelo vento Encheram a praça de amor

Projeto Arte & Prosa - Texto do Cameron Fowler

Eu Sinto Muito O dia estava frio, o sol estava coberto por cinzentas nuvens que aparentavam estar bravas com a terra, estavam negras como uma massa de cimento encharcado. Eu me perguntava se toda aquela escuridão acima de mim era por minha causa, ou se era para o defunto que estava prestes a ficar seis pés abaixo da terra. Ali estava eu, vestida de preto, com um guarda-chuva negro, segurando belas tulipas brancas escolhidas a dedo. A mãe do defunto estava ao meu lado, toda de preto, a única coisa branca, sem ser a sua pele, era um lenço que lhe enxugava as lágrimas que desciam negras por causa do delineador. Oh! Como eu amava aquele idiota. - N, por onde você deve estar andando neste momento? Será que o céu, que você tanto duvidava existir, está de portas abertas para você? Ou você não está mais em nenhum lugar? – perguntei baixinho, enquanto o padre dizia as últimas palavras. Para quê diabos eu decidi vir? Quando Rosmerta, a mãe do N, começou a falar, dei meia volta e ...