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Mostrando postagens com o rótulo desapego

Ressurreição

Pandora colocou seu melhor vestido preto. Enquanto se arrumava para ir ao enterro dava rápidos olhares no corpo estendido na cama ao seu lado. Queria estar deslumbrante, pois seria um momento especial. Quando ficou pronta, e linda, tomou coragem e chegou mais perto da morta que jazia tranquilamente. Olhou com certa melancolia e já com saudade aquele rosto que conhecia tão bem, pois o via todos os dias ao se olhar no espelho. No enterro estava repleto das mais diversas e estranhas figuras. Ali estavam os falsos amigos chorando com odiosa hipocrisia, monstros muito altos e musculosos, que eram os medos de Pandora, homens sensuais e mentirosos indignados por terem perdido a mulher que aplacava a insegurança deles. Pandora derramou uma única lágrima e diante de sua lápide jurou que seria a última. Amanheceu. Pandora acorda e olha pela primeira vez o mundo. Tudo é novo, belo, mas também um tanto assustador. O corpo e rosto são os mesmos, mas sua mente é como um recém nascido...

O Talo - PH Poem a week

Não era uma flor especial. Vivia em um jardim com rosas, muito mais coloridas, perfumadas e formosas do que ela. Sofria por ser tão sem graça e nem espinhos ter em seu talo. Suas amigas riam desse detalhe, apontando para seu corpo desprotegido. Uma mão macia surge como que por encanto e toca as belas rosas ao seu lado. Imediatamente apaixona-se por essa mão, mas sabe que é ordinária demais para ser notada. Mas os talos das outras são cheios de afiados espinhos. Eles impedem que sejam levadas e a mão desiste delas e parte para a florzinha de talo liso. Ela se deixa levar, sob os protestos das rosas, indignadas com tamanho desapego às raízes. Não sabe para onde vai, mas a flor está feliz. Percebeu que sua diferença a faria conhecer outros locais. O jardim já não era o bastante para sua felicidade.