Uma vida em Andamento

Nunca mais serei o alvo do seu olhar, minha mão não acariciará seu longo pêlo. Quando eu for dormir, meus pés ficarão frios sem seu corpo peludo e quente para aquecê-los. Seu latido estridente não irá me desconcentrar dos meus estudos, suas unhas não irão estragar minhas melhores roupas. Nunca mais terei outro cão igual, sua vida é única. Não chorei tanto quanto imaginava ao te perder. Seu sofrimento foi breve, isso me deixou menos triste. Mas minha maior tristeza foi saber que jamais encontrarei tanta inocência, alguém que me ame sem querer nada em troca e com tanto a oferecer. Quando te obrigávamos a beber remédios intragáveis era difícil resistir ao seu olhar que parecia perguntar “Por que fazem isso comigo? Por que me torturam? Eu ainda os amo mesmo assim”. Sem que confiou em mim até o último segundo, inocentemente acreditando que eu iria te salvar. Mas não pude, e só me resta lembrar os momentos que passamos aqueles em que nós brincávamos, mas também aqueles em que eu ficava louca...

A mente ordena que eu acorde. O corpo se rebela debilmente, ele não quer, não pode despertar. Negligencio os apelos corporais e levanto pouco mais animada que um condenado à caminho da guilhotina. Impelida pela obrigação saio, sem nenhuma vontade de ver alguém ou fazer algo. O dia nasceu cinza para mim. Ainda no ônibus ouço encantada as anedotas do cobrador e passageiros. O vento bate gelado em meu rosto e finalmente meu corpo está pronto para acordar. Ao chegar na Universidade, não encontro a professora, mas amigas e uma pessoa que não via há muito tempo. Foi rápido, mas me fez sorrir, e isso é muito. Na saída tenho outra surpresa e na hora decidi reencontrar gente do meu trabalho anterior. Conversas, risos, e um dia que se torna ensolarado. Em casa fortes dores habitaram minha coluna. Deitei e mudei diversas vezes de posição. Uma estranha sensação de peso se apossou do meu corpo. Mas ao acordar de novo, e plenamente, meus músculos, ossos, sentidos e pele só queriam uma coisa: Perman...

Assim que as Universidades estaduais entraram em greve eu comecei a fazer planos para usar meu tempo ocioso de forma útil.Demorei tanto tempo planejando que a greve terminou e não fiz nadica! *Estagiar e ganhar dinheiro: Quá, quá,quá!Fui em dois dias numa clínica. Ainda tentarei um estágio lá, torcendo para que aceitem os horários insanos da Uneb. *Pôr leituras em dia: Bem, li “A Casa” (ganhei de aniversário ^^) e estou relendo “O Amor nos tempos do Cólera”. Ainda há muitos livros na lista, só nas férias para dar um trato neles! *Pensar numa maneira fácil e segura de ir até ItaquaqueCity: Pensei muito e a melhor idéia que tive foi colocar tênis confortáveis, me armar com mochila e água potável numa busca pela Terra Prometida! *Rezar para me formar o quanto antes: De um lado queria que a greve durasse um mês, por outro, não queria que se estendesse. Pensamento egoísta, eu sei...

Tem momentos em que eu queria não ser tão sensível, fechar os olhos para falsos sorrisos e gestos insinuantes. Ser inocente para não perceber e viver tranquilamente num mundo de falsidade. Enquanto não aprendo a maravilhosa arte do “dane-se”, vou tentando aumentar minha auto-confiança para apenas sentir pena e não raiva. Sorriso de Barbie? Ninguém merece! Minha Universidade está em greve e eu quero aproveitar esses dias (tomara que não sejam meses) de descanso forçado para fazer algo de útil. Coloquei minha camisa verde, amarela, azul e branca para me fantasiar de torcedora. Será que engano alguém? Finalmente assisti o filme “O amor nos tempos do Cólera”.A dor no coração que senti não foi pela história, mas pela adaptação!Não tem como comparar o magnífico livro com o bonitinho filme!

Cheguei tristinha em casa, mas sem querer achei bilhetinhos da época do Cefet. Não importam a ninguém, só a mim. Isso já é suficiente.Transcrevo um deles, na íntegra e com todos os erros e doideiras. Foi construído numa aula chata de matemática. Eu tinha 14 anos e graves crises existenciais. Carol : Como vc está hoje? Eu tou morrendo de sono, pq ontem eu fiquei até 3:30 assistindo filme na TV. Com o Brad Pitt. Anteontem eu tinha visto outro filme c/ele e cabei tendo um sonho: ele estava tentando resolver um exercício de química e ñ conseguia, aí ele começou a esmurrar o papel. Mó viagem. Ontem tirei um cochilo de tarde e sonhei c/ vc. Tinha um esquilo no meio tb, mas ñ me lembro. Foi um sonho legal. Hoje de manhã eu tive 2 sonhos, aí tava tão bom os sonhos q’ acabei acordando tarde...Foram 2 sonhos gostosos mas tb’ não me lembro. Engraçado, né? Só sei q’ foi legal. Toda sexta chove...Tá tudo médio na my life. Ah, ontem passou na record “Eu sei o q’ vc fizeram no verão passado”( o títu...

“Escrevo melhor quando estou apaixonada” Camila (Leandra Leal), personagem do filme “Nome Próprio” Após meses vendo seus trechos, resolvi sentar na frente do computador hoje e desfrutar desse filme inteiro. Gosto do cinema brasileiro, e amo histórias de gente louca e apaixonada. Num filme onde a atriz principal fica com os seios à mostra em pelo menos 80% do tempo, o que mais prende a atenção são suas palavras. *Na foto, meu caderninho de guerra. Um dos bens mais valiosos que tenho. *Quero aproveitar esses dias de folga do jeito certo: com livros, cama, computador e amores. Tranqüila e feliz!