Fitar meu rosto no espelho era um martírio, não apenas pela
aparência refletida, mas pela desesperança estampada no meu olhar. Com inveja
via as belas borboletas desbravando caminhos incríveis, viajando por terras só
vistas por mim através da tela do computador. Minha casa se transformava pouco
a pouco em prisão. A claustrofobia piorava ainda mais quando eu percebia que lá
fora as borboletas viviam felizes.
Numa manhã aparentemente ordinária nasceram minhas asas.
Nada de especial ocorrera, apenas surgiram assim, de repente. Ou talvez já
existissem e só naquele momento eu as notei? Até hoje me pergunto. Comecei
minha jornada rumo ao infinito. Tentei voar mais alto, porém as asas não eram
tão leves quanto imaginava, e logo cansei-me. O mundo era deveras colorido e
barulhento, ninguém prestava atenção no ser alado e exausto em que me tornei. Outras
borboletas pousaram junto a mim. Vendo-as tão perto notei manchas e cicatrizes em
seus corpos, e certa tristeza sutil no olhar. Detalhes impossíveis de se perceber
num relance, sendo necessária atenta observação. Minutos depois elas voaram, e
com horror vi quando uma delas foi esmagada pelo vidro de um carro em alta
velocidade. Então assim é o mundo: Cores, sons, asas e morte.
No começo da noite retornei ao meu casulo. Apesar de achá-lo
ainda menor, não me sentia mais presa. Minhas asas me deram a liberdade, mas eu
escolhi não voar.
*Texto feito para o projeto Arte&Prosa, do blog Onça Malhada
*Estava meio pra baixo, aos poucos volto a escrever =)
https://m.youtube.com/watch?v=hdsSDh2hbKg
ResponderExcluir☺😀😀😀 Porque quando viramos super Sayadjins ninguem nos segura ! Ou , as asas sempre estao (veram)la , esperando para ganhar forma-que pode ser de aguia , beija flor , arara azul (rara), patativa , canario ...A fauna e' grande ; a nosso remodelamento se perfaz em contancia com a linha da vida , com a otica mais conformavel 'aquele instante , escolhida.Essa riqueza de evolutividade de asas -e da otica q elas inspiram (personalidade d cada animal)-,e'...o bom e' que nos passemos pelo casulo , para uma troca de oleo e de asas...e se metamorfosear, se reconstruir ! Bjim!
Eu me sinto assim sempre, um estado crônico de isolamento, mesmo assim, vou escrevendo de dentro do meu casulo!
ResponderExcluirBjs.
Lindo texto, traços da vida cotidiana todos temos cicatrizes mas só nós podemos decidir levantar voo quando necessário, beijos.
ResponderExcluirEu não me lembro se é uma poesia ou uma reflexão que uso a palavra casulo, muitos textos a memória as vezes falha. O texto é lindo, e é uma situação bem real, existem momentos que precisamos nos recolher, seja para o descanso ou para o novo próprio crescimento. Faz parte da nossa evolução. bj
ResponderExcluirwww.pilateandosonhos.com