Mais uma vez me flagro admirando a beleza rude de sua boca entreaberta, como uma dura lembrança dos beijos que nunca serão completamente meus. Sua pele coberta de listras douradas de um sol nascente, sortudo o bastante para aquecer mais seu corpo do que meus abraços. Faixas de ouro, cálidas, faixas de bronze, gélidas. Suas costas nuas, viris, um retrato fiel do quanto a força da beleza pode machucar. Você dorme o sono tranquilo, como só os despreocupados sem alma conseguem. Seu rosto quase infantil contrasta com um corpo que parece ter sido planejado para fazer sofrer.
Sua aparição na festa de ontem me fez estremecer. Mesmo depois de quase uma década, te ver vindo em minha direção causou a mesma sensação de quando te via passar pelos portões da Universidade. Eu nunca estive preparada para você, e mais uma vez me deixei ser engolida pelo seu charme, para ser abandonada logo depois. Sempre e sempre, um círculo perfeito de ilusão.
Os lençóis pesam toneladas, mas não suficientes para me aprisionar. Levanto, me visto, recolho minha bolsa. Abro a porta e, dessa vez, parto sem olhar para trás.
*Era para ser um texto para um projeto que tenho em mente, mas as palavras ganharam vida e se transformaram sem meu consentimento.
*Não é auto-biográfico! Não mesmo!
*Era para ser um texto para um projeto que tenho em mente, mas as palavras ganharam vida e se transformaram sem meu consentimento.
*Não é auto-biográfico! Não mesmo!
Interessante. Continue o excelente trabalho.
ResponderExcluirObrigada! Sempre as ordens!
ExcluirNa verdade, acho que você entrou na minha mente, brincou com os meus pensamentos e imaginou como seria reencontrar você daqui uns 10 anos. #ÉAutoBiográfico
ResponderExcluirSerá? Um dia saberemos ;)
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